quinta-feira, 6 de setembro de 2012

5024 { Gênesis } => A alma infantil

Genesianos queridos,
 
       Apreciem uma análise de Cecília Meirelles sôbre a alma infantil no texto abaixo...
 
       Interessante que ontem em uma meditação sôbre dar e receber presentes me veio a lembrança momentos da minha infância que o contido deste e-mail me deu a exata compreensão do que pude reviver através dessa regressão.
      Estava na segunda série do curso primário de um grupo escolar público e procurava encontrar um presente para dar a minha professora já idosa e doente(D.Flora). Imaginava um presente que pudesse "conter" o amor que lhe dedicava, embora não estivesse na fila A de suas três aplicadas alunas que lhe enchiam de presentes todos os dias (flores,maçãs , balas de mel e etc.). Pensava que talvez por isso mesmo ela tinha preferência pelas alunas da fila A que eram suas ajudantes na distribuição dos cadernos de classe,nos livros de leitura,cadernos de caligrafia, no apagar a lousa....e outros "previlégios". Então pedi dinheiro ao meu pai para comprar um bibelô que havia visto na papelaria que ficava de fronte ao portão de entrada da escola..era uma miniatura toda de porcelana barata de um vasinho que continha um pequeno cactus verde de porcelana que se encaixava perfeitamente no vasinho com pires. Meu pai tirou uns trocados do bolso da calça e perguntou-me quanto custava o presente e com muito mêdo de sua reação ao valor que era maior que o sorvete de groselha que ganhava de vez em quando, não inclui o valor do embrulho...E até onde me lembro, embrulhei o mesmo em papel de sêda que encontrei entre as folhas do caderno de desenho e mapas de minha irmã mais velha que já estava cursando a quarta série do ginásio em uma escola particular..quando ela deu falta da folha me esbravejou,xingou e me encheu de tapas na orelha.....e chorei muito!
      Para amarrar o pequeno embrulho (do tamanho de uma xícara de café, encontrei as linhas de crochê que minha mãe estava usando para bordar uma toalha azul que guardo comigo até hoje. Foi um dilema para minha alma infantil, pois quando a professora recebeu o pequeno mimo pouca importância teve todo o esforço que dispensei ao mesmo diante do pouco entusiasmo expressado pela professora. Contudo me lembro do amor que senti ao escolher o bibelô na vitrine e ao preparar o pequeno embrulho e a coragem de enfrentar a desaprovação de minha irmã e a autoridade de meu pai. Naquele ano, toda a classe foi reprovada para a terceira série, exceto as três alunas da fila A. Tinha apenas sete anos e já havia lido o primeiro livro.., pois não entendia as razões de uma reprovação e apenas desfrutava desse saber com todos os livros que existiam na pequena biblioteca de minha casa..um mundo inteiro a ser explorado por mim e era o que me bastava.
        Hoje, ao receber essa mensagem, pude compreender o tamanho da ingenuidade infantil e da malícia do mundo dos adultos incapazes de transformar a sua própria ingenuidade de criança esquecida.. em inocência. A inocência dos inocentes e puros de coração referida por Jesus no evangelho. Ao contrário da professora que se abriu à escuta da criança que lhe deu o caco de vidro vermelho, a pena colorida e a ponta de pena dourada que era usada para escrever com o lápis tinteiro nos trabalhos de escola..o recipiente que recebia a tinta, era embutido na carteira; a professora Flora não tinha essa compreensão.
       Dar e Receber presentes é um ato de Amor que aprendemos com os inocentes,puros de coração...aqueles que falam a linguagem dos anjos.
       
        Carinhosamente
      
        Sol Cristal
 

A alma infantil



A alma infantil
A alma infantil, nos diz Cecília Meirelles, como aliás, a alma humana, não se revela jamais completa e subitamente, como uma janela que se abre deixando ver todo um cenário.
É necessário ter cuidado para entendê-la, e sensibilidade no coração para admirá-la.
A autora nos narra que, certa vez, ouviu o comentário de uma professora que, admirada, contava sobre alguns presentes recebidos de alunos seus:
Os presentes mais engraçados que eu já recebi de alunos, foram, certa vez, na zona rural:
Um, levou-me uma pena de pavão incompleta: só com aquela parte colorida na ponta. Outro, uma pena de escrever, dourada, novinha. Outro, um pedaço de vidro vermelho...
Cecília afirma que seus olhos se alargaram de curiosidade, esperando a resposta da professora sobre sua compreensão a respeito de cada um dos presentes.
A amiga, então, seguiu dizendo: O caco de vidro foi o que mais me surpreendeu. Não sabia o que fazer com ele. Pus-me a revirá-lo nas mãos, dizendo à criança:
"Mas que bonito, hein? Muito bonitinho, esse vidro..."
E procurava, assim, provar-lhe o agrado que me causava a oferta.
Ela, porém, ficou meio decepcionada, e, por fim, disse: "Mas esse vidro não é para se pegar, Não... Sabe para que é?
Olhe: a senhora põe ele assim, num olho, e fecha o outro, e vai ver só: fica tudo vermelho... Bonito, mesmo!"
A professora finalizou dizendo que esses presentes são, em geral, os mais sinceros. Têm uma significação muito maior que os presentes comprados.
Cecília Meirelles vai além, e busca ainda fazer uma análise de caráter psicológico:
O que me interessou, no caso relatado, foram os indícios da alma infantil que se encontraram nos três presentes. E os três parecem ter trazido a mesma revelação íntima:
Uma pena de pavão incompleta º reparem bem -, só com aquele pedacinho "colorido" na ponta, uma pena de escrever "dourada" novinha, e um caco de vidro "vermelho" são, para a criança, três representações de beleza.
Três representações de beleza concentradas no prestígio da cor e desdobradas até o infinito, pelo milagre da sua imaginação.
Essas três ofertas, portanto, da mais humilde aparência (para um adulto desprevenido), não devem ser julgadas como esforço entristecido da criança querendo dar um presente, sem ter recursos para comprar.
A significação de dinheiro, mesmo nas crianças de hoje, ainda é das mais vagas e confusas.
E sua relação de valor para com os objetos que a atraem é quase sempre absolutamente inesperada.
Eu tenho certeza - diz a autora ainda º de que uma criança que dá a alguém uma pena dourada, uma pena de pavão e um caco de vidro vermelho, os dá com certo triunfo.
Dá com certa convicção de que se está despojando de uma riqueza dos seus domínios, de que está sendo voluntariamente grande, poderosa, superior.
* * *
A infância não é somente útil, necessária, indispensável, mas é, ainda, a conseqüência natural das leis que Deus estabeleceu, e que regem o Universo.
Com ela, aprendem os Espíritos que reencarnam º mais dóceis e influenciáveis quando no estado infantil.
Aprendem também as almas que as cercam, colhendo desse período de inocência e magia o exemplo da pureza e da simplicidade de vida, que devemos todos encontrar em nosso íntimo.
Autor:
Redação do Momento Espírita com base no cap. Os indícios da alma infantil, do livro Crônicas de educação, v. 1 de Cecília Meirelles, ed. Nova Fronteira

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