E agora, Profeta Amós?
Ciduca Barros
Há milênios, Amós, um dos doze profetas menores, com toda a sua sapiência, já se preocupava com a injustiça social. O Profeta Amós não se preocupava apenas em apontar as injustiças sociais, ele denunciava, entre outros, aqueles que roubavam e exploravam e depois iam ao templo para rezar, pagar dízimo, e dar esmola para aliviar a própria consciência – "Ouvi isto, vós que anelais o abatimento do necessitado e destruís os miseráveis da terra" (Amós 8:4) –, ou os juízes que julgavam de acordo com o dinheiro que recebiam de suborno – "Assim diz o Senhor: por três transgressões de Judá e por quatro, não sustarei o castigo, porque os juízes vendem o justo por dinheiro e condenam o necessitado por causa de um par de sandália". (Amós 2:6).
O que diria o Profeta Amós se vivesse na atualidade, neste mundo desigual e injusto? O que o Profeta Amós diria se morasse hoje num país desigual, injusto, com alguns governantes desonestos como o nosso amado e espoliado Brasil?
A mídia do nosso país alardeia a toda hora a ocorrência de crimes de apropriação indébita cometida por nossos dirigentes. Pessoas que são eleitas pelo povo para gerir e bem administrar a coisa pública metem a mão nos cofres públicos e se locupletam. Roubam, descaradamente.
A imprensa, analisando apenas pelo lado financeiro dos escândalos, costuma dar ênfase aos milhões de reais desviados. E todos nós sabemos que são cifras de muitos dígitos. Aliás, não se fala mais em milhões e sim em bilhões (vide Operação Lava-Jato).
Gostaria de contabilizar estes desvios com outra moeda: vidas humanas.
Já tivemos desvio de dinheiro público na área da saúde, funestamente chamado pela mídia de "escândalo das sanguessugas". Como calcular o altíssimo número de vidas ceifadas em razão de a nossa saúde pública não funcionar a contento? Não funciona, também, por falta de recursos, que são vergonhosamente desviados por nossos homens públicos.
A medicina afirma que a grande maioria dos casos de câncer infantil é curável. Será que as crianças pobres desta nação conseguem alcançar este índice maior? Será que uma criança mal alimentada conseguiria ficar nesse percentual positivo?
Para pessoas repletas de carências e de necessidades básicas, desassistidas nas suas exigências mais comuns, que se veem dependentes de um tratamento que exige cuidados, critérios definidos, bons profissionais, remédios caros e exames específicos, o dinheiro que foi desviado faz falta.
E será que essa falta não gera óbitos?
A apropriação indébita cometida por nossos políticos é uma expressão bonita para a palavra roubo. Sabemos que quem rouba é vulgarmente chamado de ladrão. E o roubo que ceifa vidas? Não seria também assassinato?
Ou seria latrocínio, Profeta Amós?
quinta-feira, 12 de março de 2015
Caduca Barros
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