Os empréstimos agrícolas, apesar de trazerem em seu bojo um cunho social, sempre nos deram muito trabalho.
Através da Carteira Agrícola contratávamos os empréstimos e tínhamos o dever de acompanhá-los enquanto vigentes.
E lembre-se de que havia empréstimo que vigorava três, quatro e até cinco anos.
Mas tudo aquilo, apesar da trabalheira, proporcionava, a quem trabalhava no Banco do Brasil daquele tempo, uma grande satisfação.
Ainda não se usava esta expressão à época, mas praticávamos "responsabilidade social", principalmente quando se tratava de mínis e pequenos agricultores.
Esta história é sobre uma míniprodutora, uma humilde viúva, uma mulher de certa idade, que tocava apenas com os filhos uma pequena gleba de terra lá no nosso velho e amado Seridó.
O Banco do Brasil, agência de Caicó, havia lhe financiado uma vaca para produção de leite para manutenção da sua família.
Alguns dias depois ela voltou ao Banco para informar que a vaca comprada tinha uma imperfeição e o vendedor não aceitava a devolução do animal.
– A vaca vaza leite pelas tetas! – informou tristemente a mutuária.
Possivelmente aquele animal estava acometido de mastite bovina, uma doença contagiosa que se manifesta nos animais criados sem os devidos cuidados de profilaxia.
Como o vendedor também era cliente do banco, com nossa ascendência sobre ele, foi convocado a comparecer à agência, juntamente com a compradora, para que pudéssemos mediar o impasse.
Então estavam os dois (compradora e vendedor) na frente do funcionário que, expressamente, registrava a ocorrência, e no momento em que o colega precisou caracterizar o animal, virou-se para a dupla e perguntou:
– Qual é o nome da vaca?
A mutuária, já nervosa com tantas idas e vindas, olhou para o vendedor e transferiu a pergunta.
– Como é mesmo o nome daquela nojenta?
O vendedor que já estava puto de raiva, ainda mais nervoso, antevendo que teria de devolver o dinheiro, desfechou:
– Goteira!
domingo, 15 de fevereiro de 2015
A VACA [ CIDUCA BARROS [
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