sábado, 8 de fevereiro de 2014

no tempo da minha infancia




 
(Ismael Gaião)

No tempo da minha infância
 Nossa vida era normal.
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal.
Hoje tudo é diferente,
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal!
- - - - -
Bebi leite ao natural,
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria!
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria.
 - - - - - 
A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade,
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade.
A vida ficou sem graça,
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade.
- - - - -
Eu comi ovo à vontade,
Sem ter contra-indicação,
Pois o tal colesterol,
Pra mim, nunca foi vilão...
Hoje a vida é uma loucura!
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração...
- - - - -
Com a modernização,
Quase tudo é proibido,
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido...
Fazendo tudo o que eu fiz,
Hoje me sinto feliz,
Só por ter sobrevivido...
- - - - -
Eu nunca fui impedido
De poder me divertir,
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir...
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir.
- - - - -
Vi o meu pai dirigir,
Numa total confiança,
Sem apoio, sem air-bag,
Sem cinto de segurança...
E eu, no banco de trás,
Solto, igualzinho aos demais,
Fazia a maior festança!
- - - - -
No meu tempo de criança,
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo,
Nem se ficava frustrado.
Quando isso acontecia,
A gente só repetia...
Até que fosse aprovado.
- - - - -
Não tinha superdotado,
Nem a tal dislexia...
E a hiperatividade
É coisa que não se via.
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria.
- - - - -
Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira,
De uma fonte natural,
Ou até de uma mangueira...
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira.
- - - - -
Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado,
Ter alguns dentes partidos,
Ou um joelho arranhado...
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado.
- - - - -
Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos,
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos.
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos

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