O dilema de Celso de Mello
Tive a paciência de ouvir os votos de todos os ministros da corte que levaram ao impasse na questão do julgamento do 'mensalão'.
Depois, durante essa semana lí várias opiniões sobre como seria o voto decisivo do Ministro Celso de Mello, sobre suas manifestações anteriores neste assunto, que seu voto seria um 'voto didático' e etc.
Lí, também, que a maioria absoluta da sociedade brasileira gostaria de por um fim nessa coisa toda e colocar logo esses bandidos na cadeia, virando essa página triste.
Não sou juiz nem advogado, porém, entendo que as duas correntes possuíam bons argumentos prós e contras, e qualquer que fosse o resultado, as leis e a própria constituição seriam respeitadas.
Logo, qual seria o argumento derradeiro a ser levado em conta? Imagino que seria o desejo da sociedade em dar um fim à impunidade, o desejo da sociedade de obter respostas rápidas da justiça afastando de nós aquela sensação de que no Brasil o crime compensa.
Confesso que não seria difícil para mim redigir o meu próprio 'voto' de desempate, recusando os tais embargos, tendo em vista que acompanhei bem de perto o desenrolar desse julgamento.
Celso de Mello, porém, escolheu o caminho que leva à completa desmoralização da justiça e da nossa corte suprema. Escolheu o mais fácil, escolheu o mais simples, dando-se ao trabalho de maquiar seu pensamento mesquinho e preguiçoso em mais de duas horas de blá, blá, blá.
A única didática em seu voto é aquela de sempre: o crime compensa.
Não, senhor ministro, nada tenho a aprender com você e seu voto senão a covardia de quem, podendo ser o herói de uma sociedade escolheu ser seu algoz. Embora outros cinco ministros tenham se esmerado em defender aqueles criminosos coube ao decano sepultar de vez as esperanças dos brasileiros; e o fez com estilo, tomado de pena dos pobres bandidos e zombando da sociedade que lhe paga o salário.



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