"Preocupe-se menos. Viva mais": Médicos apontam ações simples que valem mais que muitos exames
Profissionais de saúde apontam os riscos do superdiagnóstico e do excesso de exames e reforçam a tese de que pequenas ações corriqueiras podem trazer grandes benefícios à saúde.
Aproveitar cada minuto da vida sem se preocupar com a possibilidade de uma doença pode ser o caminho para viver melhor. Essa é a indicação de diversos médicos que alertam para os riscos do superdiagnóstico.
Segundo o conceito desenvolvido por médicos americanos, o superdiagnóstico acontece quando uma pessoa que não possui qualquer sintoma recebe o diagnóstico de uma "doença" que não teria nenhuma consequência para a sua saúde, ou seja, que não a levaria à morte, nem geraria qualquer incapacidade.
Essa "doença" diagnosticada pode ser, por exemplo, um câncer que não se desenvolveria. Segundo o Dr. Armando Pimenta, Consultor Sênior de Saúde do E&P, todos nós desenvolvemos células cancerígenas que são contidas ou eliminadas pelo nosso próprio organismo, sem qualquer necessidade de intervenção médica.
Um estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, constatou que até 25% das mulheres em que a mamografia acusou câncer de mama não precisariam de qualquer tratamento. O mesmo ocorre com o câncer de próstata. Pesquisas indicam que a maioria dos tumores detectados pelos exames de próstata tem crescimento lento e evoluem sem danos à saúde. O desenvolvimento mais agressivo de alguns tumores relaciona-se à baixa de resistência do indivíduo em particular.
No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) recomenda que não se organizem ações de rastreamento para o câncer de próstata através do exame conhecido como PSA, por não haver evidências científicas de que o exame reduza a mortalidade causada por esta doença.
O grande problema do superdiagnóstico é justamente que ele traz danos à pessoa, até então sadia, mais graves que os que efetivamente seriam causados pela "doença" diagnosticada. Além da angústia gerada no paciente, ocorrem "supertratamentos" e "supermedicação", como é o caso de mulheres submetidas à quimioterapia em combate a um câncer de mama que não se desenvolveria. Nesses casos, os danos causados são muito maiores que qualquer benefício do diagnóstico precoce.
Como destaca o Dr. Armando, somos sadios até que se prove o contrário. Assim, não há razão para uma busca exagerada por doenças sem que haja qualquer sintoma. Por outro lado, na existência de sintomas, os exames podem e devem ser realizados como investigação de doença realmente presente.
"A minha dica para se evitar as doenças é levar uma vida saudável. Evitar riscos como cigarro, alimentação inadequada, álcool e drogas e praticar atividades físicas pode ser o melhor caminho", conclui Dr. Armando.
Saiba mais:
O superdiagnóstico tem sido tema de diversas matérias nos jornais nacionais e internacionais nos últimos anos:
- O jornal Folha de S.Paulo traz entrevista com o médico Gilbert Welch, autor do livro "Overdiagnosed" (Superdiagnosticado) que alerta para excesso de diagnósticos e exames preventivos.
- Matéria do jornal O Globo também aborda o assunto, destacando que o uso abusivo dos exames é maléfico e que exercício físico e dieta continuam sendo as melhores prescrições.
- O site UOL traz matéria sobre mulheres que realizam mastectomia (retirada da mama) apenas pelo temor ao risco genético de câncer de mama, mesmo sem qualquer sinal de doença.
- No mesmo sentido, a Folha de S.Paulo registra o excesso de operações de retirada da Tireóide. Na matéria, a médica brasileira Laura Ward, destaca que há evidências de que se operam desnecessariamente grande parte dos pacientes.
- O caso do tratamento para o câncer de próstata é tema de matéria de O Globo que relata que a cirurgia de retirada de próstata não salva vidas de homens nos primeiros estágios da doença.
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