terça-feira, 1 de novembro de 2011

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Trabalhadores noturnos são predispostos a comer mais e ganhar peso

Posted: 01 Nov 2011 03:14 AM PDT

Imagem: CELATEBER

Um novo estudo realizado por cientistas brasileiros sugere que trabalhadores noturnos apresentam alterações em funções hormonais que podem deixá-los predispostos a comer mais, ganhar peso e desenvolver síndrome metabólica[bb] – um conjunto de fatores de risco cardiovascular que inclui hiperglicemia, hipertensão arterial, obesidade e aumento da circunferência da cintura.

A literatura científica internacional já demonstrava que os trabalhadores noturnos têm mais tendência ao ganho de peso, além de maior risco de apresentar doenças cardiovasculares e outros indicadores de síndrome metabólica.

Mudanças de comportamentos alimentares associadas ao trabalho noturno – incluindo aumento do valor calórico e variações no horário e número de refeições – têm sido apontadas como a mais provável explicação para esse fenômeno.

Estudando os mecanismos biológicos que poderiam estar por trás das mudanças comportamentais, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descobriu que os trabalhadores noturnos apresentam alterações em funções hormonais estomacais que regulam a saciação – a sensação de estar satisfeito após a refeição –, o que pode levar ao ganho de peso.

O estudo, coordenado por Bruno Geloneze Neto, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, teve apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular. "Nossa conclusão é que a função hormonal estomacal de regulação da saciação sofre alteração nas pessoas que trabalham à noite", disse Geloneze à Agência FAPESP.

De acordo com Geloneze, o estudo foi realizado com um grupo de 24 mulheres, sendo 12 trabalhadoras do turno da noite e 12 trabalhadoras do turno do dia do Hospital das Clínicas da Unicamp. Todas elas tinham índice de massa corpórea entre 25 e 35.

"Estudamos os mecanismos hormonais ligados à saciação e não as diferenças comportamentais. Tomamos o cuidado de trabalhar apenas com pessoas do mesmo sexo, com padrões semelhantes de peso, de atividade física e de condição socioeconômica e cultural, a fim de observar as diferenças relacionadas à variável do turno de trabalho", disse Geloneze.

Segundo Geloneze, a literatura internacional aponta que os trabalhadores noturnos têm mais riscos de ganhar peso e desenvolver doenças cardiovasculares, associando esse fenômeno a um aumento do consumo calórico.

Mas, até agora, os estudos não haviam desvendado se esse aumento ocorria devido ao estresse causado pela quebra do ritmo biológico ocasionada pela vigília no período noturno ou por um fator de ordem puramente comportamental: como se a falta de estímulos no período noturno levasse a pessoa a comer mais – o que os cientistas suspeitam ser um mito.

"Fomos investigar um aspecto sobre o qual não há dados na literatura: como se comportam os hormônios gastrointestinais que controlam a fome e a saciação. Alguns estudos mostram que existe uma alteração nos níveis de leptina – um hormônio[bb] relacionado ao grau de adiposidade – nos trabalhadores noturnos. Mas não se sabia se a leptina se alterava como consequência do ganho de peso ou se era sua causa", explicou.

Leia o restante desta notícia no site do UOL.

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