terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Mossoró sangra

Repassando texto/análise do competente jornalista Alex Medeiros – de Natal, sobre a secular, desastrosa e o mórbido sistema político praticado em Mossoró. A passada e a presente atuação dos políticos mossoroenses  me envergonha!

Abraços,Gonzaga

 

 

http://blogs.portalnoar.com/alexmedeiros/


 

Em por Alex Medeiros
Atualizado em 30 de dezembro às 18:54


mossoro
A
cena política em Mossoró é uma ferida a céu aberto. E com uma infecção espalhada por todos os grupos que dominam a cidade. Deslizes administrativos, crimes eleitorais e corrupção desenfreada compõem o quadro putrefato que empestou a capital oestana.

A terra que respira política está sufocada pelo mau cheiro exalado dos tantos inquéritos e processos que atingem suas lideranças mais expressivas, os partidos e as forças empresariais que dão suporte a todos. Nem precisa dizer que afeta e infecta todo o RN.

Caixa de ressonância da atividade política estadual, assim como Natal, a terra de Santa Luzia é parte essencial das costuras partidárias e isso acaba mexendo com o tecido eleitoral do estado inteiro, que vive a expectativa de uma eleição para governador.

A conjuntura mossoroense está fervendo a altíssimo grau desde a cassação da prefeita Claudia Regina (DEM), alvo de mais de uma dezena de ações na Justiça. Depois entrou em erupção com a perda do mandato da deputada estadual Larissa Rosado, do PSB.

Adversária direta de Claudia, quando perdeu a disputa municipal, Larissa deixou de ser a alternativa imediata à cadeira esvaziada pela cassação. Improvisado por força de lei, o prefeito em exercício, Silveira Junior (PSD), agora é denunciado pela Polícia Federal.

Suspeito de recebimento de propina na campanha eleitoral de 2012, ofertada por comerciantes de combustíveis, Silveirinha é protagonista de um inquérito com mais de 200 páginas, com direito a degravação de telefonemas, divulgado pelo Portal No Ar.

Para fazer aumentar a erupção do vulcão político em Mossoró, a investigação da PF envolve também o nome da ex-prefeita Fafá Rosado (PMDB), seu irmão Gustavo e alguns vereadores. Tudo isso a trinta dias de uma eleição para prefeito, em fevereiro.

Além dos nomes mais conhecidos da cidade caindo em desgraça, há ainda o fato de que dois importantes personagens da iniciativa privada, tradicionais investidores de campanhas, saíram também do jogo; um por corrupção e outro por falência.

Até o setor dito progressista, que prega uma alternativa aos grupos tradicionais, está sem um nome importante para lançar à prefeitura. O do PT, Josivan Barbosa, também foi ferido na brejeira interna que confrontou Fátima Bezerra e Fernando Mineiro.

O vácuo é tão grande, o limbo tão evidente, que no fim de semana um nome que já havia se afastado da política para dedicar-se aos afazeres empresariais emergiu nas rodas de papos em Mossoró e ganhou as redes sociais do estado: Frederico Rosado.

O ex-deputado estadual, ainda filiado ao PMDB, foi lembrado como um nome para dirigir a prefeitura a partir da eleição de 5 de fevereiro. Isto é, se até lá uma liminar não suspender o pleito e devolver o gabinete do Palácio da Resistência à Claudia Regina.

Quando o nome de Frederico ascendeu à internet, ele estava com amigos na praia de Muriú, e recebeu o fato com espanto. Um amigo do ministro Garibaldi Filho telefonou-lhe e recebeu como resposta: "o PMDB ainda não discutiu a questão Mossoró".

Garibaldi sequer sabia o que estava ocorrendo nas redes sociais e nas mesas de comensais em Mossoró, mas quando foi informado disse ao amigo: "eu quero um bem muito grande a Frederico". Um comentário singelo, mas que deve ser relevado.

Outro nome possível, ainda no porta-restante da governadora Rosalba Ciarlini, é o de Kátia Pinto, sua secretária de infraestrutura. Mas que não é suficiente para empolgar o universo eleitoral tão afeito a radicalismos e fanatismo como o de Mossoró.

É preciso esperar até que a ferida feche, a infecção diminua e a temperatura dos ânimos atinja um grau de sanidade. A hemoptise política em Mossoró já inundou de bactérias as artérias partidárias do RN e não há especialista que saiba a melhor receita.

Qualquer boletim ou relatório – que não seja policial ou jurídico – estará caindo na especulação. Não há mãe de santo, cigano ou sociólogo que saiba apontar o futuro político da nossa Moscow. Nem adianta perguntar nas três lojas do Posto Ipiranga.

 
 

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