Após escândalo, Banco do Vaticano demite presidenteExecutivo é suspeito de lavagem de dinheiro e de vazar dados sigilosos CIDADE DO VATICANO — Investigado por lavagem de dinheiro e suspeito de vazar informações confidenciais para favorecer interesses pessoais, o presidente do Banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, perdeu o cargo nesta quinta-feira. Embora o motivo da demissão não tenha sido explicitado, a decisão coincide com um momento em que o Vaticano se esforça para demostrar transparência financeira em meio a uma série de escândalos. Ex-executivo do Santander na Itália, Tedeschi chegou ao cargo em 2009 com a tarefa de acertar as contas do Instituto para as Obras Religiosas (IOR), o nome oficial do Banco do Vaticano. Mas logo no ano seguinte foi envolvido em escândalos denunciados pela imprensa italiana. Depois das denúncias, a Justiça italiana abriu uma investigação contra dois diretores do banco, criado pelo Papa Pio XII em 1942, por violação das leis do país contra a lavagem de dinheiro. A instituição sempre negou irregularidades, e a investigação ainda está em andamento. "Após deliberar, o Conselho de Supervisão (do banco) aprovou por unanimidade um voto de censura contra o presidente, por não ter desenvolvido funções de primeira importância para o seu cargo", disse a Santa Sé em comunicado. "Paguei pela minha transparência", alega Diante dos escândalos,o Papa Bento XVI aprovou no fim de 2010 uma lei para lutar contra a lavagem de dinheiro nas instituições do Vaticano. E, em abril passado, ordenou a criação de uma comissão, formada por três cardeais de sua confiança, para investigar o vazamento de informações confidenciais. Entre outras coisas, os arquivos secretos, reproduzidos pela imprensa italiana neste ano, expuseram denúncias de corrupção e conflito de interesses entre altos membros da Santa Sé sobre o quão transparente a gestão dos negócios do Vaticano deveria ser. A série de escândalos levou o Departamento de Estado americano a colocar em março, pela primeira vez, o Vaticano na lista de Estados potencialmente suscetíveis à lavagem de dinheiro. Nesta quinta-feira, Tedeschi não quis se estender nos comentários sobre as razões de sua saída do cargo. O executivo se limitou a dizer que o Vaticano não gostava da forma honesta como geria o banco. — Prefiro não falar. Do contrário, posso dizer as palavras erradas. Paguei pela minha transparência — afirmou à imprensa. Abalado por escândalos na década de 1980, o Banco do Vaticano foi reformado pelo então Papa João Paulo II em 1989. Atualmente tem um patrimônio de US$ 5 bilhões e administra 33 mil contas, sobretudo de italianos. http://oglobo.globo.com/mundo/apos-escandalo-banco-do-vaticano-demite-presidente-5016693
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